A pressa é inimiga do pensamento profundo
📅 Em 30/09/2025 às 06:00h
Por Roberto T. G. Rodrigues, escritor criador do universo de A Era de Ouro da Magia, que já conta com os volumes Golandar, o Paladino, e Emma, a Curandeira, além do conto A Fenda Esquecida.
Afinal, para que estudar? Temos o Google, que responde em segundos e até substitui médicos. Para que dicionário, se um tradutor online resolve tudo? Para que ler, se inteligências artificiais já resumem livros em poucas linhas?
Sempre acreditei que a tecnologia, usada com sabedoria, nos levaria a um futuro melhor. Mas o que vejo é diferente: trocamos profundidade por conveniência, quase automaticamente, como quem escolhe um doce sem pensar na fome real.
A escolha entre um vídeo curto e um capítulo de livro parece pequena. Mas, repetida todos os dias, vira hábito, que molda quem somos.
Vivemos numa era de estímulos constantes, onde cada notificação é descarga de dopamina. Nossa mente, viciada nesse ciclo, rejeita tudo que exige pausa, reflexão ou silêncio. Para muitos, ler parece cansativo: não porque a leitura mudou, mas porque nós mudamos.
Não é “coisa de jovem” nem “problema de adulto ocupado”. É um vício social, normalizado e reforçado pelas mesmas ferramentas que poderiam nos tornar mais inteligentes.
Estamos indo para um mundo em que tudo que passa de 60 segundos parece fardo, onde paciência é luxo, pausa é confundida com tédio e esforço é evitado. Fragmentos substituem livros. Curtidas substituem diálogos. Títulos substituem debates.
A tecnologia pode ser ponte e escola. Mas, sem intenção e cuidado, será também a pá que cava a cova onde enterraremos nossa capacidade de pensar de forma crítica e criativa.
Há um caminho para reverter isso. Não é rápido nem fácil. Mas é simples: leia livros. Não resumos, manchetes ou textos picados.
Livros exigem tempo e paciência, e aí está seu poder. Eles treinam a mente para pensar, fazer conexões e questionar. Preservam cultura e cultivam empatia.
Trocar livros por migalhas de informação é como trocar uma bússola por papel com uma seta: pode parecer suficiente, mas nos deixa à deriva.
Leia. Nem que seja uma página por dia, para desacelerar o tempo e resgatar a educação que estamos perdendo.
Chegamos a um ponto em que a pressa ameaça substituir o pensamento profundo. Mas a solução existe: coragem para remar contra a maré. Abandonar, por alguns minutos, distrações rápidas e mergulhar no que realmente alimenta a mente e a alma.
Ler é resistir, recuperar o que estamos deixando escapar, escolher um caminho diferente.
Leia!
Não deixe o mundo vencer você.
Fonte: https://www.jornalminuano.com.br/noticia/2025/09/30/estamos-perdendo-a-capacidade-de-pensar